A Intervenção Necessária na Zona Histórica
O recente abaixo-assinado enviado aos partidos políticos pelos comerciantes da zona histórica de Alcobaça é mais um alerta para a asfixiante situação por que passam actualmente.
Na sequência da aprovação, por unanimidade, pela Câmara Municipal de Alcobaça, da mudança da circulação do trânsito na zona histórica, vêm ao de cima a incapacidade e a falta de vontade do executivo municipal para promover as necessárias iniciativas conducentes à alteração da situação de fuga do centro histórico.
Quando a requalificação da zona envolvente do Mosteiro não foi acompanhada com projectos e propostas de revitalização dos espaços, iniciou-se um período no qual o comércio daquela zona tem vindo a sofrer para além dos efeitos da crise que atravessamos.
E é assistir ao encerramento de estabelecimentos, à ausência de clientela, ao continuado agravamento do estado de prédios urbanos, ao abandono de parte destes. É assistir, afinal, ao chamado “efeito donut” que se traduz na fuga dos habitantes do centro para a periferia. Mas este efeito é o resultado de uma ausência de intervenção pensada aquando da requalificação da zona envolvente do Mosteiro e que teima em não surgir.
Uma obra que custou mais de cinco milhões de euros e que deveria entusiasmar os alcobacenses resultou num divórcio entre estes e aquela.
Mas são os comerciantes, de forma mais acentuada, quem sente a falta de iniciativas e medidas concretas para atenuar o impacto negativo de tal obra.
A zona histórica de Alcobaça é, hoje, um espaço a gritar por intervenção. Quer no plano cultural, com a necessidade de realização programada e regular de eventos, quer na procura de soluções para o trânsito, com evidente necessidade de criação de bolsas de estacionamento como propõem os comerciantes quer, ainda, no plano urbanístico, onde se deve começar por incentivar os proprietários a inverter a situação de degradação de muitos prédios.
A zona histórica não tem, sequer, sinalética informativa suficiente para quem, procurando o património mundial, quer entrar, sair e usar o espaço que contempla. Não tem, sequer, acessos para pessoas com mobilidade diminuída ou ausente.
Compreende-se, pois, que quase cem comerciantes tenham assinado um documento pelo qual, mais uma vez, chamam a atenção para a sua precária situação.
E, nos tempos que correm, já não são apenas os comerciantes os atingidos. São atingidas, também, as pessoas que os comerciantes são.
Resulta, pois, evidente, a urgência de intervenção na zona histórica da cidade. O que não é possível é ir adiando essa intervenção, na expectativa de que as coisas se resolvem por si. Sob pena de, nesta passividade, assistirmos ao fim de uma zona que se quer viva.